quinta-feira, 11 de julho de 2013

OBAMA EM ÀFRICA


OBAMA EM ÀFRICA

Por: Belarmino Van-Dúnem

O Presidente Barack Obama e a família estão em África para a primeira grande visita de um Presidente americano ao continente berço da humanidade, aliás de onde é oriundo o pai do actual Presidente norte-americano.
A primeira eleição de Barack Obama, em 2008, foi um autêntico frenesim em todo mundo, mas para os africanos em particular, pois para além de ser o primeiro presidente de raça negra na história dos EUA, é filho de África da primeira geração e com ligações pessoais a terra natal de seu pai, o Quénia para onde viajou em 2006, tendo conhecido os irmãos e a avó com quem mantém uma ligação afectiva especial.
As expectativas da eleição de Obama eram bastante elevadas para os africanos, porque a maior potência do mundo passou a ser presidida pelo filho de um africano, que conhece os problemas dos pobres americanos, mas também sabe o que se passava em África, esteve no Sudão (Darfur) como Senador, viajou à África de férias e esperava-se que prestasse mais atenção ao continente.
Na verdade essas expectativas foram goradas durante o primeiro mandato. O Presidente Obama fez uma única viagem oficial ao Gana e ficou por ai. Entre especulações, murmúrios e lamentações ninguém sabe a verdadeira razão desse comportamento. No segundo mandato a Casa Branca afirma que o Presidente está disposto a desfazer esse mal-entendido e irá prestar mais atenção ao continente negro.
O Presidente Obama já esteve no Egipto, em Março deste ano e recebeu na Casa Branca os Presidentes do Malawi, Joice Banda, da Serra Leoa Ernest Koroma e o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves. O discurso não defere muito dos seus antecessores: reforço das instituições democráticas, segurança, luta contra o HIV/SIDA, segurança energética e, alguma intenção de investimentos americanos para contrapor a avalanche da China que transformou-se no maior e melhor parceiro político e comercial de África.
O Presidente Barack Obama acompanhado da esposa e das duas filhas já estiveram no Senegal onde os ilustres visitantes cumpriram uma agenda bastante apertada e concorrida. Enquanto a esposa se desdobrou em visitas sociais com as respectivas filhas, Obama não poupou esforços para valorizar o continente africano e as políticas que tem em carteira para melhorar a relação EUA/África.
Na agenda Obama no périplo por África assinala a África do Sul e a Tanzânia. No Senegal não houve grandes polémicas, a família Obama ainda teve tempo de visitar a histórica ilha de Goré por onde saíram milhares de africanos para as américas na condição de escravos.
A visita de Obama por África está a ser marcada por três factos que assombram outros assuntos não menos importantes: A revogação do casamento de pessoas do mesmo sexo nos EUA; a revelação dos actos de espionagem através de e-mails e telefones feitas pelos EUA à cidadãos americanos e de todo mundo agora tornados públicos por um ex-agente da CIA e o estado critico de Nelson Mandela marcam as perguntas dos jornalistas.
Na África do Sul está marcada uma manifestação organizada pelo partido comunista sul-africano e pelo sindicado COSATU para apupar contra Obama por causa da sua inactividade nas relações com o continente africano. O encontro com Nelson Mandela também tem causado algum cavaco, mas é uma imagem marcante, primeiro Presidente negro sul-africano junto ao primeiro Presidente negro norte-americano. Alguns acham que no estado de saúde de Mandela, deixá-lo em paz seria a melhor atitude, outros chegam a afirmar que a visita a África do Sul deveria ser adiada. Eu acho que é coerente manter a visita, até porque Nelson Mandela está em estado crítico, mas não está morto. A possibilidade de uma visita no leito do hospital também é um sinal de respeito e consideração que Obama demostra perante o símbolo da paz e democracia da África do Sul.
O que não está a ser muito noticiado é a grande logística por detrás da visita da família Obama à África. Os custos estão estimados em $100 milhões. Entre os gastos está o transporte de forças de segurança americanas, as autoridades locais serão dispensadas. Estão na costa dos países visitados vários porta-aviões e navios anfíbios, para além de aviões de carga militar. Na costa desses países também estará um Navio Hospital com condições de assistir a qualquer emergência. Cerca de 56 veículos de apoio e 14 camiões com vidros a prova de bala para colocar nas janelas dos quartos nos hotéis onde a família Obama irá fazer as pernoitas.
O Presidente Obama colocou o Quénia de parte em mais essa deslocação ao continente africano, facto que tem desmoralizado os africanos lhe são mais próximos. Se em 2009 a crise pós-eleitoral das eleições 2007/08 no Quénia era a principal razão, actualmente o afastamento do Quénia deve-se ao facto do Presidente Uhuru Kenyatta, assim como o vice-presidente William Ruto estarem sob acusação de crimes contra a humanidade pelo TPI. As acusações predem-se com os actos de violência ocorridos em 2008 depois das eleições. A verdade é que o Presidente Obama terá que visitar o Quénia antes de terminar o seu segundo mandato sob pena de ser mal recebido caso queira viajar a pátria do seu pai depois de deixar a Casa Branca.