segunda-feira, 2 de março de 2015

UKRANIA´S CONFLICT: BETWEEN RUSSIA AND THE WEST


 UKRANIA´S CONFLICT:  BETWEEN RUSSIA AND THE WEST
 

Por: Belarmino Van-Dúnem


O conflito Ucrânia tem dividido a comunidade internacional, levantou o fantasma de potência e a divisão geoestratégica de zonas de influência entre a Federação Russa e os países que compõem a OTAN.
 

A Federação Russa, saída do embrulho económico, político, social e cultural da década de 90, ficou despida da força simbólica que dividia a comunidade internacional durante a Guerra Fria. Na verdade, os Estados Unidos da América consolidaram o seu poder e relegaram a Europa para segundo plano, sob carona da aliança euro-atlântica.
A Ucrânia herdou da ex-União Soviética uma indústria de armamento bastante respeitável. Em 1992 era a 14ª potência nuclear mundial. Mas a filosofia depois da Segunda Guerra Mundial levou os EUA, a Rússia e a União Europeia a convencer o governo ucraniano a desfazer-se da sua capacidade nuclear com a promessa de apoios financeiros e a protecção em caso de invasão das suas fronteiras.
O ambiente internacional da década de 90 pode ser designado de era da utopia dos Estados e dos políticos. A ONU foi chamada para o centro da resolução de conflitos e a comunidade internacional parecia caminhar para o universalismo, tanto do ponto de vista do sistema político – todos adoptaram o sistema democrático multipartidário –como pelo nível do sistema económico com o florecimento da economia de mercado com base no liberalismo. Instalaram-se os valores culturais do “laissez faire”.
O fim da União Soviética deu a sensação aos Estados do triunfo e consolidação do unilateralismo dos Estados Unidos da América e do seu braço de segurança euro-atlântico, a OTAN. A aliança entre os EUA e a Europa Ocidental – conhecida no seu conjunto como Ocidente – passou a ser vista como a mensageira da liberdade e, como tal, teria uma missão libertadora para o resto do mundo.
Nesse projecto de expansão do Ocidente, a Rússia aparece no contrapeso. A política externa russa vai em contramão em todas as frentes. Na ONU, os países em vias de desenvolvimento podem contar com o veto da Rússia sempre que haja qualquer tipo de imposição por parte do Ocidente.
Ao nível da União Europeia, há por parte da Rússia a tentativa de se apresentar como um parceiro para as trocas económicas e de tecnologia, assim como na estratégia da luta contra o terrorismo, nesse campo em que os EUA surgem como líder de facto da OTAN. A Rússia criou também um conjunto de organizações multilaterais que servem de escopo para a concretização da sua influência, que na verdade é mais política do que económica ou militar. Criou a Organização de Cooperação de Shanghai – que integra China, Uzbequistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Mongólia e Irão e onde o Paquistão e a Índia têm o estatuto de observadores.
Na senda da geoestratégia, criou ainda a Organização de Segurança Colectiva – de quem fazem parte Bielorrússia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tadjiquistão, Quirguistão e Arménia. E na zona de influência histórica herdada da URSS, foi criada a Comunidade dos Estados Independentes – composta pelo Uzbequistão, Cazaquistão, Tadjiquistão, Quirguistão, Turquemenistão, Arménia, Bielorrússia e Moldávia.

A Ucrânia também fazia parte desta Comunidade, mas a política de expansão da OTAN fez com que o país entrasse na crise em que se encontra. Mas apesar de todo esse dinamismo político, a Rússia enfrenta a concorrência dos países emergentes que vão conquistando o mercado dos países em vias de desenvolvimento, sobretudo na venda de armamento.
A Índia, a China, a Bielorrússia, Israel e, inclusive, a Ucrânia têm vindo a fazer concorrência à Rússia. Não foi por acaso que a Rússia integrou o BRICS, grupo composto por Brasil, Rússia, India, China e África do Sul, para fazer uma aliança com os países-chave em cada continente.
O ex-Presidente ucraniano, Viktor Yanukovitch, negou um acordo de integração com a União Europeia e aproximou-se do parceiro tradicional, a Rússia. Essa acção representou a abertura da “Caixa de Pandora”, até aí latente.

As manifestações do mês Novembro de 2014 levaram à deposição do Presidente Yanukovitch e como consequência a Rússia anexou a Crimeia, alegando protecção às minorias russas.
A Ucrânia enfrenta um conflito sectário no Leste do país, onde a maior parte da população é de origem russa e/ou falante da língua russa. Desde a sua independência, em 1991, a Ucrânia vive com os braços abertos, entre a serem puxados para um para outro lado. A verdade é que, até ver para que lado pende, a Ucrânia está com as mãos atadas e dependente do entendimento entre os intervenientes. Por enquanto só há um acordo para a retirada de armas pesadas e troca de prisioneiros.

O mesmo não se pode afirmar relativamente ao cessar-fogo que os dois lados denunciam estar a ser violado.  Aqui aplica-se a velha máxima da política externa: “um Estado que não define de forma efectiva a sua política externa acaba por sofrer com a política externa dos outros Estados”.

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